quinta-feira, 9 de setembro de 2010

00 ( ao meio )

                                                                   *IMAGEM DAVID NOBREGA
                                                                 

Rezo meias palavras descartáveis

De luto pela memória dos poemas

Que nasceram ordinários.



Descartáveis em etapas...

Da criação estranha

Da forma rala...

Do senão.



Não transcendem

Já foram à lata de lixo,

Meus amigos - Vos digo -

A lixeira é a mãe da criação.



E o que não presta,

Não sobra nem soma...

Arromba os olhos

E fere a voz.



Grita de ruim,

Sufoca a beleza

Fere baixinho, miúdo, minguado, sujinho...Sujinho.



Escondo,

Não leio,

Calo,

Pois da produção que não acaba...

Conheço a de lixo -- Destino. --
 
 
* Santa Cruz do Sul, depois de um final de semana. A lixeira estava ali, observaram?

2 comentários:

  1. Nem há muito o que comentar. Ou há... Mas é coisa de gênio:

    "Não transcendem

    Já foram à lata de lixo,

    Meus amigos - Vos digo -

    A lixeira é a mãe da criação."

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  2. Eu adorei isso!
    E de imediato me lembrou Clarice:

    "O que obviamente não presta, sempre me interessou muito".

    Às vezes precisa de um tempo apenas - e do lixo, faz-se o luxo!

    Beleza de poema, Letícia!

    Abraços,

    Moni

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