domingo, 5 de setembro de 2010

Mausoléu


Estoura o peito semi-árido
...Com gotas em falsete de um grito longo e cálido...
Deitada no caso das pedras, hoje
Imaginando colcha de retalhos.

De forma débil,
Anda de quatro riscando o soalho...
Vê na parede mofada os retratos antigos trocados,
...Inflamação cerebral...
Loucura furiosa invadindo almas para viver no passado...
Vezes brinca de arrastar algemas nos quartos,
Mas por hora prefere olhar crianças pendurada de ponta cabeça...
Nos galhos.

Misturada ao antigo cimento da matéria,
Provoca explosões nos canos...
Há cinco décadas desabitada,
A casa vive das lembranças da moça pálida.

Fez de sua antiga morada,
Um mausoléu encantado...
Nana bonecas nunca menstruadas
Faz uso de cantigas esquecidas...
Arcaizadas,
...Não tem pulsos para cortar...
Carrega na boca o gosto do suco
Acerejado de décadas atrás.

Preenche a casa,
Alma penada
E fica na janela...
Preservando sua paz

Espreitando invasores,
...Ali eternamente ela jazz ( e Jaz)


* Poesia que faz parte do meu primeiro livro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário