quarta-feira, 6 de outubro de 2010

6. { P + A + V + I + O = 5} ( 5 + eu = )



Eu me engasgo em mil compassos
Nas silabas disjuntas promovo samba canção
Nos pés a ponta furada e tornozelo gago...
Não vejo tragédia, mas sim saudação.

(E que me vai de vem de volta
Eu choro em notas altas
Não paro pensamento, pois senão engorda
Pode gritar... No máximo viro as costas)

E quando corro do medo dos dias
Gargalho bolhas verdes de sabão
Cheque em branco nunca foi garantia
A moeda não promove aceitação.

(E que se bebeu se disse se viu
Olha para dentro não reflete para fora
Das minhas certezas sou sempre pavio
Explode de verdade mas depois cora)

Se me pedem uma reta eu juro que é torta
Não gosto do asfalto prefiro de chocolate
Transformo reboco em merengue atrás da porta
Machuco na doçura para precisar de mertiolate.

( E que se foi, se fui, se vão
Não economizo nuvem de poeira
Pensamento bate e vira a mesa
Enquanto isso, ali menina... Apoiada no corrimão)

*Imagem David Nobrega

7 comentários:

  1. Musical, intenso, profundo... ehhehe, a linguagem poética se sente melhor quando a gente consegue usar de forma lúcida as formas simples... infelizmente eu sou complicado demais, ainda... =)

    ResponderExcluir
  2. Eu gosto quando a verdade não é velada, quando o que é grita, reflete explosão:
    o que dói
    o que faz chorar,
    em altas notas, desafino, como seja.
    O querer, seja exposta a preferência:
    chocolate, mertiolate
    E a poesia como urgência!

    E como se não bastasse, vais de uma ponta a outra:
    Da madura decisão, à face da linda menina, apoiada ao corrimão...

    Nem vem, Letícia! EU é que sou tua fã!

    Beijo, beijo,

    Moni

    ResponderExcluir
  3. e me falas da musicalidade daquele poeta desafinado, de finadas palavras. ele é nada, onde nadas, ondas sonoras de uma oração, inunda, canto que invade, arrebentação.

    ResponderExcluir
  4. As vezes me sinto assim. Uma menina de 08,10 anos debruçada no corrimão ou sentada na calçada, acreditando em sonhos possíveis e esperando quem hoje, sei que nunca vai chegar.

    Adoro te ler Lê.

    beijo!

    ResponderExcluir
  5. "Das minhas certezas sou sempre pavio
    Explode de verdade mas depois cora."

    Muito bom isso!!!
    Vejo uma perfeição humana no que diz, não há reta sem régua... como gostamos de livre traço, as coisas saem tortas de nossa perfeição...

    Beijão, Letícia.

    ResponderExcluir
  6. É música aos meus olhos e ouvidos e, em todos os sentidos - poesia com chama e pavio (curto).

    abraços e boa semana!

    ResponderExcluir