terça-feira, 14 de setembro de 2010

1.2.3. (órgãos)

A gente chora de medo
Dos espaços herméticos
Saca em punho o bom senso
Se fazendo periférico.


A gente desiste de desistir
E se acostuma a dar soco em parede blindada
Não conseguimos mais nem deprimir...
(Mantemos longe nosso fígado da facada)


A gente grita de pavor
Das cores histéricas
Fazemos campanha contra o salvador
... Somos vencidos pela inércia.


E a gente desiste de desistir
Finge que escuta quando a cabeça está no espaço
É possível se reprimir...
(Fantasiamos nosso rim de palhaço)


A gente Vomita de raiva
Dos discursos vagos
Nossas ideias sofreram eutanásia
...Sorvemos o estrago.


E a gente desiste de desitir
Engole o grito e não janta...
Ninguém aguenta colidir...
(Fazemos coração pulsar aos berros na garganta)

2 comentários:

  1. Muito bom mesmo.
    Confira meu blog tbm. bjus.
    http://intensevery.blogspot.com/

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  2. Adorei perceber a indignação tocando os órgãos, mexendo com o corpo...

    Falar de quando toca a mente, a alma, já é um tanto lugar-comum. Expressar essas sensações na matéria, e em poesia, é sinal de que essa mente e essa alma já foram longe...

    As opiniões diante da realidade são as mais diversas e isso é fatídico, claro. Mas me importa mesmo é ver no que tudo isso se transforma, nas posturas que delas surgem... Isso nos faz continuar.

    Adorei a delicadeza construída sobre a pedra nua e fria.

    Belíssimo, Letícia!

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