segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Se vida.

Se acaba a terra,
Cai mundo, some chão, sumidouro...
Da palma do pé,
Coração de papel ao relento
Gravidade zerada...
De notas descoradas.

Se termina o ar,
Morre tudo... Tubos, doutos,conexão...
É vida partida, rima perdida
...Plana grão...
Estrelas despencam do céu
Não adianta, o perdão.

Se finda água,
Sedento mundo, anda...
Lágrimas esgotadas
Em passarelas de nariz
...Na lama, sorvendo, anda engasgada...
Sangue vomitado de chafariz.

Se vida da terra
Em compasso com ar,
Da água desperta
Fogo de mão...
Um só lamento,
Psiu... Silêncio...
Grito em ebulição.

3 comentários:

  1. São sentimentos de corpo que se misturam às sensações da Terra... afinal é tudo vida, somos todos, somos tudo pulsação.

    E a gente esquece, mata, encerra no hoje o que amanhã pode ser só vontade e necessidade.

    Tão rico, tão real... Pode ser poema-notícia-de-jornal!

    Sou fã de carteirinha. Mesmo!

    Beijo, flor!

    ResponderExcluir
  2. Sem a terra,sem o ar, sem a água, a vida e a poesia findam ... sufocaremos com a falta de chão, de letras e de paixão.

    Adoro teu estilo ao mesmo tempo lírico e forte.

    Parabéns, poetisa-amiga!

    ResponderExcluir
  3. O corpo é uma paisagem para além das suas fronteiras. O poema é um rizoma que congrega corpos em intensidade. E o teu poema é feixe. Diz de um mundo que povoa o sono e os pesadelos da poeta. Naufrágios tantos não é Letícia? belo, como a tua escrita.

    bjs

    ResponderExcluir