sexta-feira, 1 de outubro de 2010

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Eu li dezenas de rios
Sofri de um longo alagamento
Boiei em um lago de choro
Matei a nuvem para acabar com o desgosto.

Eu sei do vento...
Daquele que muda tudo de lugar
Pois vento não leva nada,
A não ser que se deixe levar.

Eu conheço o rumo
Da boca que grita desatino
E como coral me aprumo
Atendendo o pecado do delírio.

Eu vesti poesia
Doei sangue em cada letra
Bebi veneno e cuspi toda a azia
- Te embriaga no meu jeito - Me soletra.

Eu pari meus defeitos
Cataloguei a ignorância
Enviei carta a todos carniceiros
Senti o melado da arrogância.

Eu sorri dos soluços
Matei os parênteses dos segredos
E da língua só mudei o curso
Tudo igual-Mesma linha-Todos enredos.

*Imagem David Nobrega

6 comentários:

  1. Boa noite, permita-me...
    Assentei-me em uma pedra à margem do riacho e esvaziei as mágoas, saboreei na sola dos pés uma emoção que só uma mulher pode me dar e ela se chama água.
    Muito bela a tua poesia, parabéns! Obrigado!
    Paz ao teu coração e seja feliz!
    Dê um abraço no seu esposo e sejam felizes!

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  2. Acho que não me lembro de ter lido um poema com tanto ritmo e embalo. Vejo umas pessoas se confessando poeta. E vejo tb que a poesia exirge muito mais que o casamento de certas palavras. A poesia precisa é do valseio que embala a festa toda.

    Um beijo!

    Sua fã.

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  3. Lindos versos que me chegam líquidos,
    frutos de sentimento-vivo,
    por sua vez, sólidos...

    E bendito seja o vento,
    a propagar a poesia!

    Belíssimo, Letícia!

    Beijos, Moni

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  4. Sabe quando você lê e sente? Então, eu li e senti, cada frase, cada rima, cada verbo.

    Isso, é poesia viva!

    Lindo, da cabeça até o fim!

    Beijo!!

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  5. Ah, Lê, quanto tempo não devoro tua intensidade mas quando decido fazê-lo, é incrível como suas palavras se encaixam em diversos momentos da minha vida! Você é LINDA :D
    Beijos com carinhos
    Anny

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