sábado, 18 de junho de 2011

Das marcas

Da criação
I.
Porque não me interessa o nome,
A marca...
Gado marcado no lombo não encanta
Nem dá samba
[Petrificação
Porque nem tudo é coca-cola
Quase sempre moda,
Daí eu viro as costas
...Não tenho pelagem à disposição.

II.
As disposições são contrárias ao visto
Me faço transparente quando vejo:
Guerra de azul ou vermelho
É... Eu não grito para fazer coreto
Não meço torturas na balança
Tão pouco ligo para o zunido
Sigo,
Estapeando minha própria mania
Gritando Foda-se...
Para que grampeia epifanias.

Da Epifania
III.
Deslocada me encontro
Porque divino... é o De Moraes
Não acredito só no ponto
Porque sei que nada é simples,
Besteira ouço sem pagar
E não...
Não vem tentar catalogar
Nem com sorriso,
Nem com lágrimas
Eu saco meu caderno H de bolso...
Mente se ocupa de literatura,
Não daquilo que tu insistes em apregoar.

IV.
Qualquer coisa mais gritada que ouvida...
É pregação,
Evito estar nos rebanhos,
Mesmo que mascarados de boas intenções
E o inferno deve estar de saco cheio...
É muita conspiração
[Vejam bem, segundos e terceiros...
Não chega chutando a minha porta
Nem fazendo interpretação torta...]
O que Dante descreveu era pura ficção,
Inferno bom é o da gula dos poetas
Esses bebedores compulsivos de paixões.

Da paixão
V.
Dos Anjos tinha o poder do lápis
Escreveu sobre a drástica paixão
Sem o lado meigo que pesca,
Era, sim... O que ferve e traz repulsa...
Sangue amigos! Símbolo de lutas, morte,
a tua divindade, vinho de padre,
Renascimento, paixão, amor e por que não...
Menstruação e fertilidade!
Osso puro... A carne!

VI.
Nasce o novo ditador do carimbo,
Estão tentando marcar a carne...
O rótulo pode ser bonito...
Mas não tem charme,
... Acabaram com ele: o charme...
Lembro da taça de Hist,
Aí sim o encanto de quem canta a linha,
Quem sabe pegar a pata do cavalo.
E a repetição continua
Avisto a matilha...
Melhor fugir dos de quatro patas
A gritar com os de duas:
Lobos surdos que involuíram para burros,
Baixo a orelha,
Porque meu pasto é mais salgado.

Do pasto
VII.
Local sagrado do mato
Antagonismo de boca aberta e fechada,
Mudez da palavra...
Fervura do que vai dizer
E se não disse-que-ouvia
Muge criatura que teu uivo é muito ralo,
Ou levanta para variar...
Quem sabe andar?
Cantar? Hablar a língua já falada
Mantra de vida cagada:
O que vale mais é o todo não as partes...
Fere felina, seja envenenada
Boca miúda e fica brava,
Tira a máscara!

VIII.
Máscaras de papel toalha
Dissolvem com a chuva...
Você não precisa ser de açúcar
Basta respirar...
Ela se desfaz
Nem precisa de oração,
Fim do papo,
Raspa do tacho
Constatação:
Se não entende da linha, nem tenta a rima...
Local impróprio para cérebros em egolização.

3 comentários:

  1. Eu li. Mas juro, não consigo comentar.
    Tá além de qualquer coisa que eu possa dizer!

    Aff!

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  2. uh lá lá, acordou do limbo com as palavras afiadas, hem? Lindo demais. =D

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  3. Que poema, Letícia, gostei deste estilo, reacionário em ti.

    Abraço

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